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terça-feira, 12 de junho de 2012

Histórias Com História!



Igreja de S. Sebastião garantia da sacralização do cemitério e da salvaguarda das almas

No correr dos séculos XVI, XVII e XVIII, o medo da morte e do terrível inferno, levou a que a Santa Casa da Misericórdia de Montijo tivesse sido beneficiada de generosas doações para celebrar missas de sufrágio pela alma do doador, que julgava, assim, salvaguardar a alma das labaredas de satã. Proteger a alma contra o poder do demónio, descansando em paz, levou à prática dos enterramentos ad sanctos, isto é, no interior ou nos adros das igrejas e nos claustros e outras dependências conventuais, que se difundiu, na Europa, desde a Alta Idade Média. Em Aldegalega do Ribatejo, Montijo, as igrejas receberam milhares de cadáveres, até ao século XIX. A localização das sepulturas, no interior ou no adro da igreja e dentro daquela a proximidade ao altar, denunciava a classe social e a situação social do finado. No século XVI, por exemplo, uma sepultura no interior da igreja custava, em Montijo, 1000 reais e a cova só era cedida mediante pagamento prévio. Por outro lado, à segunda-feira, depois da missa, os «clérigos saiam com a cruz e água benta, e com os seus Responsos tangendo os sinos andavam pela igreja e adro lançando água benta pelas sepulturas [o que] traz muita devoção aos vivos e proveito aos defuntos que sempre esperam pela oração e sufrágios da madre Igreja». A inexistência de uma igreja criava problemas delicados à população, que acabava por enterrar os seus mortos na lixeira, como aconteceu em Sarilhos Grandes, até à edificação de uma igreja, no século XVI. Há notícias de enterramentos, em Montijo, nos Conventos de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora da Graça, este corresponde à actual Esquadra da Polícia e aquele estava localizado entre a Av.ª Luís de Camões e a Praça Brasília e foi consumido por um incêndio, no início do século XX; na Igrejas do Divino Espírito Santo, da Misericórdia e de S. Sebastião e na Ermida de S. António; em Canha, na Igreja de S. Julião e, em Sarilhos Grandes, na Igreja de S. Jorge. O primeiro cemitério construído em Montijo fora do espaço da igreja foi obra da Santa Casa da Misericórdia. Em Junho de 1683, a Irmandade pediu autorização ao Arcebispo de Lisboa para sepultar os muitos pobres que faleciam no seu hospital no pátio da igreja, «por não ter cemitério separado para esse efeito», e então o Arcebispo que fizesse «esmola de conceder licença para que o pátio se benza e sejam sepultados os pobres que faleciam no Hospital (…)». D. Luís de Sousa, Arcebispo de Lisboa, deferiu o pedido em 20 de Março de 1684 e em Maio desse ano o pátio foi benzido, passando a receber os pobres que viessem a falecer no Hospital, continuando os Irmãos a serem sepultados no interior da Igreja.



Planta das sepulturas existentes no interior da Igreja do Divino Espírito Santo, in Livro das Sepulturas, 1685.

Foi em Janeiro de 1841, que o presidente da Junta da Paróquia da Freguesia do Divino Espírito Santo alertou o presidente da Câmara Municipal de Aldegalega [Montijo] para a urgente necessidade de se construir um cemitério, «visto que dentro da Igreja [do Divino Espírito Santo] se não podem enterrar os cadáveres pelos muitos que ali se têm enterrado.» A autarquia, depois de ter ponderado sobre o assunto, decidiu construir o cemitério no terreno anexo à Ermida de S. Sebastião, «não só em razão da proximidade da vila e extramuros da mesma, mais ainda por ficar junto à dita Ermida, objecto muito preciso num cemitério. No ano seguinte, em Abril, foi adjudicada a construção do cemitério. Por essa altura, o pároco e presidente da Junta da Paróquia, D. João de Noronha, informava ao presidente da câmara municipal de que «é já impossível continuar-se na prática de enterramentos: a multiplicidade de cadáveres amalgamados em todas as sepulturas [dentro da Igreja do Divino Espírito Santo] torna aquela terra em perfeita putrefacção, a ponto tal, que não deixando consumir os cadáveres, aparece na sua abertura uma exalação de miasmas de que é preciso evitar o seu contacto para não sofrer perturbações de cabeça.» O pároco alertava ainda para «as exalações pútridas que continuamente estão emanando das sepulturas» e para os perigos que dali derivavam para a saúde pública, uma vez que se aproximava o Verão e a igreja estava localizada no coração da vila. Apesar do retrato traçado pelo pároco, os fiéis ocorriam pontualmente à celebração dos ofícios religiosos. Em 7 de Junho de 1843, iniciaram-se as obras de construção do cemitério, feitas a expensas dos cofres do município e da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Para a edificação da cerca foi aproveitada a pedra oriunda da demolição do muro do logradouro do Convento dos Frades da Graça. No ano seguinte, no dia 20 de Janeiro, a câmara municipal deliberou fazer «uma festa a S. Sebastião, e depois dela se proceda à benzedura do cemitério público para se começar ali a fazer os enterramentos.» Em 3 de Fevereiro de 1844, o cemitério público recebeu o primeiro cadáver.



Vista aérea da cidade de Montijo. Em primeiro plano, o cemitério de S. Sebastião, primeiro de Montijo.

Fonte: Montijo e Tanto Mar

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