Começam os dias a contar os trocos ou a servirem-se dos multibancos como fornecedores de ilusões.
Descarregam fichas às cores sobre a mesa, dizendo em voz alta o valor das mesmas, esperando que alguém dê "call".
Os "bluffs" começam a surgir, uns atrás dos outros, pois ninguém tem nada, a não ser bolsos vazios e mentes reduzidas a figuras desenhadas em cartas. Alguém faz um "raise", desejando que a sua vida seja aumentada também em auto-estima com isso.
Surgem os "flops" e muitos fazem "check" com medo de perder ainda mais. Um no canto faz "all-in" à espera do "dead-shot", quando outro pensa se vai com um trio. A mesa fica reduzida a 2 homens, que se mutilam em palavras fúteis e conversas sobre o jogo. No "river" um homem de cara fechada esboça um sorriso com o seu "flush".
Sai tudo da parada e ele ganha sem ser preciso mostrarem as cartas.
Os sentimentos mudam e ficam alterados até novo jogo, quando começa tudo novamente, já enraizados com a sua "poker-face". E assim andamos todos encarcerados, à espera de um poker de ases, para fazer um "all-in" à felicidade.
Sendo assim ainda acordo todos os dias sobressaltado e penso, se não tivesse arriscado tudo naquela mesa final, tinha ganho muito mais. Mas é assim a vida. Já estou sentado à espera de outro torneio. Que venham as cartas e mudem o meu destino.
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