Madrugada. Noite cerrada. O vento sente-se um super herói, devido às suas fortes rajadas. A chuva, o frio e a neve, transformam-se numa assombração que sai sempre ao caminho, nos lugares mais impensáveis por onde caminha e vegeta o viajante. Como uma emboscada diabólica, instantaneamente o viajante é levado pelo vento e mesmo que peça ajuda, a sua língua está embrulhada em pavor.
Maldita cilada, pensa o viajante.
Para onde o levam. O desespero toma conta de si.
Uma voz ecoa no horizonte. Canta-me uma poesia, diz a voz. Canta-me uma sátira amável que tenhas na tua memória furtiva.
A reacção imediata do viajante, torna-se um sobressalto de surpresa, vergonha e embaraço, que resolveu com uma recusa muito convincente.
Essa misteriosa voz fica furiosa, enquanto a tempestade se adensa cada vez mais e transforma o viajante num mártir deste temporal infernal.
Porque não me recitas poesia, insiste a voz.
O viajante, sem ter que forçar a memória, responde que não consegue articular palavras.
Pois ainda continua fascinado com a beleza magistral e o sorriso mais colorido do mundo, da mulher que se lhe atravessou no caminho durante a viagem.
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