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terça-feira, 14 de setembro de 2010

As Festas dos Pescadores!


A História é madrasta para as classes sociais sem recursos económicos ou sem intervenção social protagonizada. Por isso, são escassas as referências à classe piscatória da Vila de Aldeia Galega do Ribatejo.
Quando, no dia 20 de Julho de 1512, D. Jorge, Mestre da Ordem de Santiago, visitou a Igreja do Divino Espírito Santo, registou a existência de um altar de S. Pedro, na ombreira de uma das capelas.
No século XVI, já estava instituída a Confraria dos Pescadores, que, além da ajuda e assistência que prestava aos seus confrades, tinha, entre as suas obrigações, de realizar a festa anual do seu patrono, S. Pedro, e a festa promovida pelo Círio dos Pescadores na Ermida de Nossa Senhora da Atalaia.
Segundo o Padre Manuel Frederico Ribeiro da Costa, que foi capelão da Igreja de N.ª Sr.ª da Atalaia, o rei D. Manuel I e os seus sucessores foram Juízes perpétuos do Círio dos Pescadores, e, por vontade expressa daquele monarca, a Câmara Municipal de Aldegalega passou a subsidiar o sermão da festa da Atalaia.
Além de N.ª Sr.ª da Atalaia, os pescadores eram também devotos de S. Pedro, de S. Marçal e do Senhor Jesus dos Aflitos.
Porém, é na devoção a S. Pedro que se vão encontrar as manifestações mais castiças das festas das gentes do rio.
A Confraria dos Pescadores da Aldeia Galega era a responsável pela comemoração do dia do seu patrono, S. Pedro, em 29 de Junho. Para efeito, nesse dia, procedia à eleição do juiz, do tesoureiro e de mais festeiros que, no ano seguinte, realizariam os festejos com o produto das quotas que os pescadores voluntariamente destinavam em cada cesto e dos lucros de cada bote de pescas e demais esmolas obtidas única e exclusivamente entre a classe piscatória.
Segundo a visitação dos freires da Ordem de Santiago, feita em 2 de Novembro de 1607, os pescadores tinham mealheiros nos seus barcos nos quais recolhiam mensalmente as dádivas para a confraria, que as destinavam para custear a festa e, um terço delas, para a conservação do altar de S. Pedro.
As festas de S. Pedro foram, na sua génese, uma manifestação corporativa, emanação da classe piscatória, pobre e laboriosa, que parava dois dias por ano para comemorar os seus santos padroeiros, S. Pedro e S. Marçal, nos dias 29 e 30 de Junho, no espaço geográfico do seu bairro.
As festas celebravam-se com manifestações religiosas e profanas, celebração de Eucaristia, procissão, arraial, lavagem e queima do batel, que, segundo o jornal “Domingo”, de 29 de Junho de 1902, “persiste na festa dos nossos dias, como manifestação estereotipada, sem a chama nem a alma nem a magia de outrora.”
Extinta a Confraria, foram os donos das embarcações, arrais ou os pescadores mais afortunados, e mais tarde a Sociedade Cooperativa União Piscatória, que passaram a organizar as festas em honra de S. Pedro.
A última notícia das Festas de S. Pedro, organizadas pelos pescadores, foi divulgada na “Gazeta do Sul”, em 9 de Julho de 1950:
“ A exemplo dos anos anteriores, e como é da tradição no Bairro dos Pescadores, realizaram-se ali, nas noites e dias de S. Pedro e S. Marçal, 29 e 30 de Junho, as festas em honra destes Santos Populares.
Cantou-se e dançou-se animadamente, houve a tradicionalíssima e característica “lavagem” na Quinta do Saldanha no dia 30 (S. Marçal), a arrematação das bandeiras e o imprescindível e lauto almoço (...) ”.
No seu corpo, o bairro, a alma dos pescadores rejubilava, em alegres convívios familiares ou de amigos, renascendo anualmente como acontecia há mais de quatrocentos anos.

Texto Enviado Por: Rui Aleixo

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