A vida é mesmo feita de desencontros com a felicidade. Num dia estamos tão alegres, tão alegres, que nem a chuva torrencial e o frio glaciar, nos retira o sorriso do rosto. Noutros, ficamos tão tristes, mas tão tristes, que só nos apetece ficar em casa e não reparar no dia maravilhoso que está lá fora. E são alguns os momentos, em que a vida nos consegue amargar os dias, e até as noites, que se torna fácil adivinhar o vazio que nos fica sempre cá dentro, quando nos lembramos que fomos crianças e que aquele beijo inocente que demos na Praça central da nossa cidade, nos iria unir os corações para sempre, como os atacadores apertam os sapatos aos pés, a menos que sejam daqueles com presilhas auto-aderentes e aí, ficaríamos colados eternamente um ao outro. E esse momento, vindo de ti, pareceu-me realmente uma pura declaração de amor, que hoje, já adultos e quando te perguntei como te sentias, disseste com uma amargura imensa, que parecia sair-te do fundo da alma, que não tinhas saudades de sorrir. Não entendi e voltei com nova interrogação retórica, afim de perceber o que tens, quando decides abrir-te comigo de uma maneira inesperada, como se já não conseguisses guardar tudo isso aí dentro, e ao mesmo tempo que falas, as lágrimas escorrem-te pelo rosto, enquanto o mau-estar permanece agora no interior dos dois, quando tudo o que desejo, é que uma carícia das minhas mãos no teu rosto, tivesse o condão de te ver novamente feliz. Sabes, sempre desejei ser escritor, mas vivo constantemente a pensar, que o meu maior desejo é realmente ter alguém para quem escrever. Continua a ser a minha musa inspiradora, mesmo nos dias cinzentos e acredita, as cores vão mudar e o arco-íris irá ser de novo a nossa casa.
Sem comentários:
Enviar um comentário