Lá fora, as árvores verde azeitona raro, balançam e compõem a coreografia de uma bela dança intimista. Dentro de casa, observo o estado da vida. Já falei tantas vezes da vida, que não consigo precisar quantas frases me fizeram companhia. Frases com erros e acentos ao contrário, mas a vida com erros de ortografia tem mais sentido, já que assim, temos sempre assunto para conversar. Mas, quando os erros deixam de ser compreendidos, a vida esgota-se e o sentimento desaparece. Agora, temos que apagar as memórias que já não são nossas, que nunca nos fizeram rir, nem nos fizeram chorar. Hoje, já não somos ninguém. Temos que regressar ao ponto de partida, aquele ponto que fez a nossa chegada ser gloriosa, mas que agora não passa de mais um sítio, de uma cidade adormecida. Local, onde te beijei na testa e adivinhei todos os teus pensamentos, mesmo aqueles mais obscuros, onde me levavas até ao abismo. Pensei dar um passo em frente, mas recuei. E voltei como pessoa indefinida, sem conceitos, preconceitos e opinião formada. Regressei vazio, com espaço para me criar outra vez, para me preencher, seja com o que for. Vou-me construir do zero, como se fosse a primeira vez que acordasse. Mas, hoje, é tudo muito rápido, os dias já são demasiado pequenos, para se ter tempo para sentir que, no final é quase como se nada tivesse acontecido entre nós. Por isso, fico com vontade de voltar a ter o coração, a libertar um novo sorriso, mas não aquele sorriso forçado, quando te conheci em circunstâncias estranhas e no fim, perguntar-te. "Se pudesses, não escolherias começar de novo?"
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