À medida que a população se foi deslocando para o centro da vila e se construiu o “porto novo” o “pequeno rossio”, que era então a Praça da República, tornou-se, paulatinamente, o centro de Aldegalega do Ribatejo.
No século XIX, a praça, além da Igreja do Divino Espírito Santo, era ladeada, a poente, pela cadeia e um conjunto de casas nobres e, a sul, pela Estalagem das Caleças (antiga Fábrica TÓBOM).
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A Praça era o local privilegiado para a realização de festas, quer de cunho sagrado e profano, como as festas do Divino Espírito Santo e de outras confrarias, quer touradas, que ali se efectuaram, pelo menos, até 1842, e para a realização de mercados e ou de meros encontros.
Em 1839, estabeleceu-se o mercado das hortaliças e, prosperando também o mercado suinícola, a Câmara Municipal de Aldegalega deliberou proibir que “os porcos fossem expostos ou demorados nos sítios da Praça, Cadeia e Caleças”, isto é, três sítios que constituem, hoje, um todo denominado Praça da República.
Em 1850, a actual Praça da República estava por empedrar, era percorrida por carroças, algumas caleças e assaltada pela vozearia dos comerciantes. A dois passos dali, no então edifício da câmara municipal (actual galeria municipal) funcionava, no rés-do-chão, o mercado de peixe e, no primeiro andar, o Tribunal e a Câmara Municpal. No adro da igreja e no seu interior continuavam a ser realizados enterros.
Foi, em meados do século XIX, que se começou a desenhar, de modo mais sólido, a fisionomia da Praça da República.
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Por essa altura, já estava construído o imponente imóvel de António Pereira Duarte (Praça/R. Alm. Cândido dos Reis).
Na linha das obras que vinha realizando, a câmara deliberou, em 1867, vender o edifico da cadeia e construir uma nova. O edifício foi adquirido por António Máximo Ventura e, mais tarde, o seu filho, Cândido José Ventura, ali construiu um admirável chalé, que foi demolido em 1993. A cadeia situava-se na esquina da Praça da República/R. Guerra Junqueiro.
Em 1869, é construído o primeiro coreto, todo em madeira, por iniciativa da Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro, edificação que se degradou e foi substituído, trinta anos depois, por outro em ferro, construído por subscrição pública e colocado “no pequeno largo fronteiriço à R. Direita, largo que faz parte da Praça Serpa Pinto.” Por essa altura, já a Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro tinha ali a sua sede, no mesmo local que hoje se conhece.
O primitivo nome da Praça da República foi de Praça Serpa Pinto, em “homenagem e agradecimento ao explorador pela maneira briosa porque sustentou a honra e o nome de Portugal nas longínquas paragens africanas.”
Na Praça da República confrontamo-nos com a História do Montijo, mas também com as pequenas histórias da História, de tal monta que se poderiam escrever mais alguns apontamentos sobre Um Passeio na Praça da República, demorando-nos um pouco mais no século XIX e descobrindo os séculos XX e XXI. Será empresa que deixo aos nossos jovens historiadores.
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Texto Enviado Por: Rui Aleixo
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