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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tourada, Por Ordem d’El-Rei de Portugal!


Agora que se levantam vozes contra a realização de touradas, o que é natural em Democracia, convém recordar que as touradas correm nas páginas da nossa História, merecendo a atenção da Nobreza, do Clero e do Povo. Na primeira metade do século XVI, D. Manuel I, “O Venturoso”, através de um indulto, criou a obrigação de a Câmara Municipal de Aldeia Galega do Ribatejo, hoje, Montijo, passar a organizar anualmente uma tourada “para divertimento do povo”, cabendo-lhe a responsabilidade de montar os palanques e pagar “as trombetas e tímbalos para os ditos toiros”, cujo curro era pago pelo arrematante do estanco de palha e do terrado. As touradas passaram a ter lugar no adro da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, actualmente, Praça da República.
Em 1607, o Visitador da Ordem de Santiago de Espada denunciava que se faziam palanques no adro da Igreja “para ver touros”, que achava “muito indecente e por estranhar”, que ali se montassem os palanques, e por isso ordenou “que daqui em diante se não façam mais os ditos palanques dos marcos do adro para dentro”, e proibiu que ali se realizassem touradas “para se evitarem os inconvenientes e os escândalos que havia de se sentarem os homens em par das mulheres”. Isto é, tourada, sim, mas fora do adro da igreja e com as mulheres separados dos homens. Cada um dos géneros em seu lugar, e quem não cumprisse estava sujeito a ser excomungado e sancionado com multa de € 500 réis.
A tourada era então, também, um traço de união que fazia esbater temporariamente barreiras sociais. Para ver touros, apesar do olhar vigilante da Igreja, juntavam-se nobres e plebeus, homens e mulheres, porque, como bem sabia D. Manuel I, a tourada é um divertimento do povo.

Texto Enviado Por: Rui Aleixo

1 comentário:

Anónimo disse...

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