Eu carrego esta roupa tão negra e pesada em mim e, não sei de onde vem este negrume de amor, que te faz resguardar as emoções e controlar todos os movimentos do teu coração, perdido numa terra que fica para lá dos montes. Porque cresceste e adquiriste hábitos de adulto, não tomes a razão como tua amiga e largas assim fácil, mão do amor. Eu acredito que volta e meia ainda penses em mim, mas já não pensas em nós, e isso é o que mais doí. Como se tivesse fechado numa incubadora, onde tu me visitavas todos os dias, mas que nunca te poderia tocar. Sei que foi um privilégio termos chegado tão perto, mas agora estamos ainda mais longe daquilo que desejamos ser algum dia. Sei que com o tempo aprendemos a calar a dor, a ternura, o carinho, o beijo, a raiva, o protesto, mas há um dia em que nos rebenta a alma nas mãos e nesse dia vais sussurrar-me ao ouvido "tu ficas bem, meu amor". Entretanto, morremos mais um bocadinho, porque temos pensamentos às cores, mas vivemos a nossa vida a preto e branco.
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