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terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Primeira Tertúlia Tauromáquica de Montijo!

Foi em 1842, que foi fundada a “Sociedade do Divertimento de Touros da Villa de Aldeia Gallega do Ribatejo”, que tinha por fim “proporcionar aos seus amigos e demais amadores alguns momentos de distracção”, e que talvez seja a primeira tertúlia tauromáquica de Montijo.
Constituíram a primeira Comissão Directiva Cristiano Augusto da Silva, João Quaresma, Jacinto Rodrigues de Oliveira Soares, Epifânio de Sousa, António Joaquim Leite, António Pereira Duarte, Dr. João Pedro Alberto e António Joaquim Saragoça Júnior.
A Sociedade, que também era conhecida por “Curiosos dos Divertimentos dos Touros”, organizou inúmeras touradas e outros divertimentos taurinos, mas foquemos as da apresentação da Sociedade.
Nos dias 20, 21 e 22 de Agosto de 1842, realizaram-se três touradas, foram lidados 12(doze) touros, em cada uma delas, e os espectáculos foram anunciados com girândolas e foguetes.
O curro “foi mandado escolher com toda a particularidade pelo Exmo. Sr. Comendador João Ferreira Prego, dos mais bravos das suas manadas dos campos do Paul da Vala”, segundo notícia da época.
Vejamos então como se desenrolava um espectáculo tauromáquico in illo tempore.
Os espectáculos iniciaram-se com uma “bem luzidia dança, composta de dezasseis mancebos”, para a qual foram encomendados oito fios de contas encarnadas para o pescoço, dezasseis caraças, alugados fatos e grinaldas e pagos $400 réis pelos sapatos do mestre de dança.
Finda a dança, saiu uma azémola com farpas acompanhada dos “ distintos homens de forcado”.
De seguida, apresentou-se, na praça, “o elegante e inteligente Neto, Francisco de Borja de Mó, montado num cavalo e acompanhado dos seus respectivos andarilhos.”
Feitos os cumprimentos retirou-se, voltando à praça com um novo cavalo e “tendo recebido do senhor inspector noções precisas, convidou o cavaleiro para que se dignasse fazer com que os seus esforços e perícia de arte se tornasse mais brilhante a diversão.”
Entrou depois na praça, “o muito nobre e distinto cavaleiro Exmo. Sr. Júlio da veiga Marques Júnior, montado num magnífico cavalo de manejo, acompanhado dos beneméritos capinhas e homens de forcado, cumprimentando com as cavaleirozas maneiras de que são dotados, os dignos espectadores.”
Depois de ter desempenhado os preliminares o cavaleiro retirou-se, voltando de novo à praça para o início da peleja.
Lidaram-se os doze touros, devendo-se salientar que dois deles foram farpeados pelos Africanos e um pelos Curiosos.
Estes espectáculos eram usualmente preenchidos por amadores, recorrendo-se, contudo, a uma figura maior da tauromaquia para os abrilhantar.
O touro para curiosos, que subsistiu até ao século XX, fazia parte integrante do espectáculo, e constituía “um gracioso intervalo desempenhado por diversos rapazes, amadores, que depois de bandarilharem o touro, o agarrarão à unha, mostrando neste rasgo de valentia que os homens não se medem aos palmos, e que o denodo, coragem e valentia, nasce com o homem.”

Texto Enviado Por: Rui Aleixo

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